sábado, 12 de fevereiro de 2011

ESQUIZOFRENIA



Marcos Roberto Gomes


Transtornos Mentais ( Esquizofrenia)

Existem, diversos tipos de transtornos mentais, e estes podem ocorrer tanto em crianças como em idosos. Dentre tantos transtornos mentais, evidenciarei um, a Esquizofrenia. Porque ocorre, se existem possíveis causas e curas ? São algumas das questões que desejo discorrer neste trabalho.

A palavra transtorno de acordo com o Minidicionário Luft significa; ação ou efeito de transtornar, desarranjo, contratempo e perturbação. E a palavra esquizofrenia; psicose caracterizada pela falta de conexão entre pensamentos, sentimentos e atitudes; demência precoce. E de acordo com o CID-10 é a existência de vários sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado a sofrimento e interferência com funções pessoais.

A esquizofrenia é um transtorno psíquico severo que se caracteriza normalmente por alguns sintomas, tais como: alterações do pensamento, alucinações (visuais, cinestésicas, e sobretudo auditivas), transtornos de pensamento e fala, perturbação das emoções e do afeto, déficits cognitivos, avolição, delírios e alterações no contato com a realidade.

Alucinações e delírios são frequentemente observados em algum momento durante o curso da esquizofrenia. As alucinações visuais ocorrem em 15%, as auditivas em 50% e as táteis em 5%, e os delírios em mais de 90% (Pull, 2005).

Atualmente, a esquizofrenia não é encarada como uma doença, mas sim como um tipo de transtorno que não escolhe credo nem raça, dessa forma, ela não tem preconceito algum e pode ocorrer em qualquer indivíduo independentemente até mesmo, da sua classe social.

Este tipo de transtorno de acordo com estatísticas atinge 1% da população mundial, costuma se manifestar nas pessoas entre os 15 e 25 anos. Como dito anteriormente, este não escolhe suas vitimas e dentre os acometidos pelo transtorno pode se dizer que, praticamente 50% são mulheres e os outros 50% obviamente são homens.

A Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, depois de um estudo feito em trinta pacientes usando o método da ressonância magnética, constatou que a esquizofrenia é uma doença ligada à diminuição de uma parte do cérebro chamada lóbulo temporal esquerdo, que regula o senso auditivo e o desenvolvimento da linguagem.

Segundo os pesquisadores, que publicaram seus resultados no renomado New England Journal of Medicine, o lóbulo de um esquizofrênico é em média 20% menor que o de um indivíduo saudável. "O que não se pode afirmar ainda é se a anomalia é congênita ou aparece na fase de desenvolvimento do cérebro que vai até os 25 anos", diz o psiquiatra Jean Luc Martino, do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica, na França.

Ainda de acordo com os pesquisadores americanos, o tamanho do lóbulo temporal esquerdo é inversamente proporcional à intensidade dos sintomas: quanto menor o lóbulo, maior a incidência de problemas como alucinações ou perturbações do raciocínio.

O termo esquizofrenia foi descrita e definida em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugene Bleuler (1857-1939), mas acredita-se que foi Emil Kraepelin (1856-1926) iniciou os estudos sobre o transtorno que na época era conhecido por demência precoce.

Estudos realizados entre portadores desse transtorno, mostram que a esquizofrenia pode ser um fator genético, ou seja, se há incidência de esquizofrenia na família, há grandes possibilidades de outros indivíduos desta mesma prole ser acometido pelo transtorno. Sendo que o risco é maior em indivíduos que possuem parentescos em 1º grau com o transtorno, e vai diminuindo a chance de sofrer desse mal de acordo com que o grau de parentesco vai aumentando.

Outra característica da esquizofrenia, é que depois dos primeiros sintomas o sujeito pode demorar meses ou até mesmo anos para que o transtorno se manifeste definitivamente, enquanto que em outras pessoas, podem ocorrer em apenas alguns dias ou semanas. E quando ele se manifesta certamente será percebido por todos. Os primeiros a descobrirem normalmente são os próprios familiares. Quase sempre, os primeiros sintomas são a diminuição da concentração, o que afeta diretamente nos estudos, insônia, isolamento, e com isso pessoas próximas derredor percebem que alguma coisa não está normal com o sujeito .

No início a família quase sempre suspeita que seja o uso de drogas, motivados pelas alterações no modo de vida do sujeito; a falta de atenção, de concentração, a mudança de temperamento, o abandono dos estudos a perca do trabalho e outros. A família cobra o indivíduo não entende o porquê da cobrança. O que também é comum nesse tipo de transtornos, é o indivíduo fazer tatuagens e não se preocupar com a higiene pessoal.

Estes sintomas como dito anteriormente, quase sempre são encarados de maneira errônea pelos familiares, por esse motivo estes, também necessitam de atendimento psicológico e outros, para aprenderem a conviver de maneira saudável com o paciente, e não privá-lo de viver a vida em sociedade, pois a exclusão certamente não é o melhor caminho para nenhum tipo de transtorno, pelo contrário, sempre surti efeito oposto e contribui de forma negativa. É importante lembrar que não apenas no caso dos esquizofrênicos, mas também os portadores de várias outras anomalias, a família é fator chave no processo terapêutico.

Enquanto o pensamento e as atitudes dos familiares não mudam o sujeito continua a falar coisas sem sentido, tendo alucinações, senti que esta sendo perseguido, insultado, enganado ou sofrendo conspiração e outros. Por causas dos vários sintomas, no inicio familiares tentar esconder o problema temendo a descriminação da sociedade, mas acredita-se que o melhor a se fazer apesar da dor e da angustia, é mudar tais pensamentos preconceituosos e encarar de frente o problema. Este tipo de comportamento pode ser mais saudável tanto para a família como para o sujeito esquizofrênico.

Normalmente quando a família se da por conta, de que se trata de uma anomalia genética ou um problema mental, esta começa a se culpar, pelo fato de não ter feito algo antes que pudesse ter evitado tal transtorno; sem saber que nada poderia ser feito, pois o tratamento precoce ainda não pode prevenir a esquizofrenia, e mais os medicamentos deverão ser utilizados por toda vida. Vale ressaltar que antigamente pacientes esquizofrênicos viviam em sanatórios amarrados e às vezes eram até torturados, mas atualmente, já não pode mais considerar tais atitudes como normais.

Desde 1948, quando surgiu o primeiro medicamento (clorpromazina), algumas pessoas que sofrem deste distúrbio e fazem tratamento constante com medicamentos aliados a várias terapias e outras atividades como; música, teatro e pintura e outros. Conseguem ter uma vida relativamente normal. Há casos, que com o tempo, os sintomas simplesmente desapareceram, e acerca destes tipos de acontecimento, acredita-se não estarem ligados a nenhum tipo de uso de medicação, mas talvez motivados pelo ambiente social e ou metabólico do sujeito.

Os transtornos mentais deveriam ser investigados interdisciplinarmente, ou seja, precisa envolver várias áreas do conhecimento, tais como; a psicologia, a filosofia, a psiquiatria e a neurologia e outros. Atualmente, os diagnósticos não são feitos assim.

Normalmente o médico possui um ponto de partida para diagnosticar; por meio de alguns sintomas ele detecta o transtorno, no entanto, este tipo de diagnóstico feito pelo olhar de um só médico pode não ser sempre confiável pois outros distúrbios cerebrais também possuem alguns dos sintomas, então, ainda é caso de muita discussão entre tantos outros profissionais que trabalham e pesquisam sobre a psique humana. Pelo fato de ser complexo o diagnóstico e possuir uma analise ampla de estudo, o melhor caminho parece ser o uso da interdisciplinaridade para uma melhor definição do diagnóstico, no entanto, o diagnóstico interdisciplinar normalmente não ocorre com frequência.

Quando é diagnosticado o transtorno como esquizofrenia, dependendo do grau dos comportamentos do individuo, este precisa ser conduzido para uma clínica especializada. Este ambiente deve ser um lugar apropriado e os paciente precisam ser tratados com dignidade e não como uma dificuldade, um peso ou incomodo. Nesse sentido, necessário se faz serem tratados com uma equipe multidisciplinar de saúde, o que não é fácil encontrar, e diga-se de passagem, quando se encontra tais locais, o custo não é barato. Dessa forma, sabemos que esse tipo de regalia ainda não está acessível para todas as classes sociais.

Existem esquizofrênicos que trabalham diariamente, possuem um grau de alterações pequeno e utilizarem medicação. Por outro lado, a grande maioria necessita de ajuda da família ou de programas governamentais para sobreviverem.

Acredita-se, que 20% dos portadores de esquizofrenia poderiam trabalhar pelo menos por meio período, e o trabalho poderia contribuir como auxilio para a pessoa na luta contra os sintomas do transtorno.

Outra opção que pode ser usada como coadjuvante na luta contra tais sintomas, é o uso de animais de estimação especialmente o cachorro, tem sido empregado nesses casos e surtido efeitos benéficos, apesar das pessoas esquizofrênicas terem dificuldades em manter relações de amizades com humanos, parece ser diferente com este tipo de animal.

Existe uma estimativa que, de 20 a 30% dos pacientes podem deixar de apresentar as crises e levar uma vida totalmente normal. Por outro lado, a maioria apresentam novas crises e conviverão com estas pelo resto da vida, mas podendo de certa forma levarem a vida normal com ajuda de terapias e medicamentos. E ainda existe outros 15% que permanecerão severamente incapacitados pela enfermidade devido o estado psicótico grave. Walker E. et al. 2004).

A porcentagem de depressão entre os esquizofrênicos é de pelo menos 25% e pode aparecer em qualquer fase depois do diagnóstico. Outra incidência que se percebe entre os esquizofrênicos é que grande parte são fumantes.

A consequência no ponto de vista econômico é impressionante, só os Estados Unidos gastam cerca de 19 bilhões de dólares por ano com os esquizofrênicos. Quando considerados outros gastos com médicos e assistência para as famílias estima-se que o gasto chegua à casa dos 46 bilhões de dólares (WHO 1998).

A taxa de mortalidade entre os esquizofrênicos também são maiores quando comparada com a população dita “normal”. A maior causa é o suicídio que ocorre 12 vezes mais em sujeitos esquizofrênicos. Nos últimos anos tem aumentado os casos de morte por doenças cardiovasculares, acredita-se ocasionados especialmente pelo uso de drogas e pelo estilo de vida pouco saudável e o tabaco (APA 2004).

Apesar de o fator genético ser uma das principais causas da esquizofrenia, outras possíveis causas parecem estar ligadas; problemas no desenvolvimento fetal, complicações no parto, o declínio do QI na infância e outros. Estudos relatam ainda que 8% de pessoas que nascem no inverno podem sofrer de esquizofrenia.

Outra curiosidade da esquizofrenia, é que entre os homens normalmente ela ocorre entre as idades de 15 a 25 anos, e entre as mulheres nas idades entre 25 e 35 anos. No Brasil acredita-se que exista cerca 1,6 milhões de esquizofrênicos.

Finalizando, acredita-se que a eficácia do tratamento da esquizofrenia nem sempre está relacionado na adesão aos tratamentos medicamentosos. Supõe-se que o remédio mais eficaz não apenas para esse caso, é a compreensão, a busca por compreender melhor o transtorno, a afetividade e o amor, principalmente por parte da família.

“ E interessante que os pacientes que foram tratados em casa, que não receberam medicamentos neuropléticos... Pensou-se que estes teriam resultados ruins, no entanto obtiveram resultados melhores em comparação aos pacientes tratados nos hospitais tratados sob controle e com uso de drogas”. Dr. Loren Mosher, ex chefe dos estudos esquizofrênicos do Instituto Nacional da Saúde Mental dos Estados Unidos, 2002.

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. Practice Guideline for the treatment of patients with schizophrenia, 2nd ed. Washington, DC: American Psychiatric Association 2004.

Equizofrenia “La Enfermidad” por lucro de la Psiquiatría.

Luft, celso Pedro, 1921 – Minidicionário Luft / colaboradores Francisco de Assis Barbosa, Manuel da Cunha Pereira – São Paulo; Ática, 2000.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquizofrenia acessado em 11/02/2011 às 10:30 horas.

Walker E., Kestler L., Bollini A. and Hochman K.M. Schizophrenia: Etiology and course. Annu. Rev. Psicol. 2004; 55: 401-30.

World Health Organization. Schizophrenia and public health. 1998.